Metal sem fronteiras: globalização e barulho
O gosto pelo barulho superou, e faz tempo, as fronteiras e barreiras linguísticas. Talvez a conquista mundial tenha começado em 1991, quando bandas ocidentais cruzaram a cortina de ferro para tocar na URSS e foram recepcionadas por enlouquecidos jovens moscovitas.
James Hetfield, vocalista do Metallica, se apresenta em Moscou. Na mesma ocasião, aconteceram shows de Pantera, AC/DC e The Black Crowes, além da banda russa E.S.T |
No folk metal, estilo marcado pela influência de música folclórica regional, a mistura atinge proporções bizarras. Quem quer a prova só precisa ouvir grupos como o Raxa (russos que tocam doom metal com passagens de música tradicional maia) e o Whispered (finlandeses que usam instrumentos tradicionais do Japão para fazer death metal melódico).
A capa do split das bandas iranianas Mogh e Cold Cry surpreende pelo anti-Islamismo explícito |
De acordo com a Encyclopedia Metallum, existem bandas em cerca de 150 países e territórios, em locais tão distintos quanto Cuba, Madagascar e Mônaco. Mesmo que tenham referências em comum – as camisas pretas, os cabelos compridos, as mãos que fazem o clássico sinal do diabo –, cada região encontrou uma maneira própria de representar o gênero.
Vale conferir:
Os documentários Metal: A Headbangers Journey e Global Metal, do antropólogo metaleiro Sam Dunn.
Raxa – Starchildren (2013): álbum da banda russa de doom metal que mais gosta da América pré-colombiana. Influências de música maia, inca e asteca.
Força Macabra – Nos Túmulos Abertos (1995): apesar do nome em português, o disco é de uma banda finlandesa influenciada pelo hardcore tupiniquim, especialmente Ratos de Porão e Olho Seco. As letras também foram compostas usando a última flor do Lácio.
Whispered – Thousand Swords (2008): finlandeses que usam instrumentos tradicionais do Japão para fazer melodic death metal. Enjoativo, mas vale pelo teor curioso.
Seeds of Iblis – The Black Quran (2013): EP de uma suposta banda iraquiana de black metal anti-Islã. Além da coragem de vociferar contra Alá em um país rachado por tensões religiosas e ter uma mulher como vocalista - outra afronta ao extremismo islâmico -, esses caras fazem um som ótimo. Entretanto, há quem diga que a história da banda é, no mínimo, duvidosa.
Kabbal – Synthebtically Revived (2003): death metal de Mônaco. Fazendo barulho bem ao lado das casas de Galvão Bueno, Felipe Massa e outras figuras ilustres.
por Rodrigo Menegat
Metal sem fronteiras: globalização e barulho
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