[ESPECIAL COPA DO MUNDO] Duas bandas de metal do Irã!
É muito fácil fazer black metal no conforto de um
estado laico. A coisa muda de figura quando se toca esse tipo de música em um
país teocrata e fundamentalista. É a vez do Irã no especial de Copa do Mundo
do Scream Blog Gore – e o país do Oriente Médio vem representado
por duas bandas de uma vez.
O Mogh e
o Cold Cry vêem das terras da antiga
Pérsia. Mesmo vivendo sob um governo ultra-religioso que segue as leis do
Alcorão ao pé da letra, os músicos foram corajosos o suficiente para gravar um split
chamado Islam is Dead, em 2012. Como se o título não falasse por si só, a capa
do disco mostra a Cúpula da Rocha em chamas: os caras dedicaram a gravação a
destilar ódio contra a religião islâmica.
Uma capa convencional para um álbum de black metal - caso você não more em um país fundamentalista |
Ambas as bandas fazem um black metal bastante
experimental e atmosférico, com a presença de instrumentos e ritmos
tradicionais da região.
O Mogh, grupo
que abre o split, é um trio que toca de maneira lenta e melancólica, e
em alguns momentos se aproxima do doom metal – especialmente na faixa Desperate Existance. Os vocais
estridentes podem ser difíceis de assimilar a princípio, mas caem bem na
proposta da banda.
Passagens de dark ambient puro se revezam com ritmos
folclóricos e riffs extremamente crus. Também é interessante o contraste entre
os cantos tradicional da religião Islâmica e o vocal rasgado do black metal. A
banda deixou o país recentemente – o SBG tentou entrar em contato com o grupo
para saber a data exata, mas não teve resposta – e agora reside em Hamburgo, na
Alemanha – será que tiveram medo da perseguição religiosa?
O Cold Cry,
dono da segunda metade do disco, é uma one-man-band que aposta em músicas mais
atmosféricas, com passagens de sintetizadores e bateria programada. O som
flerta fortemente com o dark ambient e
não acelera em nenhum momento – os elementos de metal extremo ficam apenas nos
vocais e no clima fúnebre. No mais, o trabalho tem um quê de gothic metal bastante
evidente: pianos, passagens acústicas, tom solene. O grupo também deixou o país
recentemente, em data que não conseguimos descobrir.
O destaque negativo é a letra da faixa Be Afraid of The Aryan Blood, em que o
multi-instrumentista Count Dracula
(gente, que pseudônimo criativo) fala sobre a pureza do sangue iraniano. Ele
invoca o passado persa e o imperador Ciro para conclamar a população a
enfrentar os ‘sanguessugas anti-éticos’.
E o pior é que a música é boa, com uma melodia
arrastada, violinos e alaúdes. Pena que um trabalho intenso como esse fique
marcado pela ideologia do compositor. Nazistas não passarão!
Mogh:
Cold Cry
[ESPECIAL COPA DO MUNDO] Duas bandas de metal do Irã!
Reviewed by Rodrigo Menegat
on
21:32
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Comentários moderados? [-(
ResponderExcluir(Sem emoticons D:)
Não quero emoticons no meu blog. ):
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