Singelos
Confrontos, o mais recente álbum dos punks paulistanos do Flicts, soa como um grito de liberdade. Lançado em abril de 2013, após um
hiato de oito anos, o disco traz 11 faixas curtas que transbordam energia e combatividade.
O trabalho tem mixagem de qualidade e parece mais sério se comparado aos
lançamentos anteriores da banda, que primavam pela simplicidade e atmosfera festeira.
As canções versam sobre questões sociais e levantam a
bandeira anarquista, temática característica do Flicts. Porém, dessa vez o grupo abandonou a irreverência. Se antes
expunham a visão política através de metáforas e toques de humor, agora
preferem uma abordagem mais direta. Tudo isso berrado pela voz impactante do
vocalista, que parece ter um caixa de som na garganta.
A fórmula infalível do street punk convence, com refrãos
grudentos, eventuais pisadas no acelerador e ritmo quase dançante. As letras
impressionam, especialmente em Aos Que
Ainda Ousam Sonhar e Latinoamérica.
Rebeldes e maduras, não apenas ficam na cabeça como esbanjam inteligência. A
última parece sair de um livro do escritor uruguaio Eduardo Galeano:
“Nós somos filhos de
sangues intensos / cada sangue, uma coloração / uma origem, uma direção / todos
eles a se encontrar, todos eles a se misturar em nós / Filhos bastardos de um
estupro sagrado e paternal / Ódio, amor e violência em conjunção carnal.”
Os mais puristas podem apontar que a produção está limpa
demais. Também é válido dizer que em alguns momentos, a obra soa exageradamente
pop – em um momento embaraçoso, a
faixa Recordações lembra o CPM 22, tanto na letra quanto na
levada. Além disso, falta uma canção sobre bares, amizade e farra, algo que
contribuiria para aliviar o clima e faria jus ao passado brincalhão da banda.
Apesar disso, é impossível fazer um balanço negativo do
álbum. O Flicts voltou para sacudir
bandeiras pretas e pichar muros. Singelos
Confrontos prova que, por mais raro que seja, é possível encontrar bandas
que sabem falar de política. Quando isso se une a um instrumental competente, o
resultado só pode ser boa música.
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