Cinco motivos para aplaudir o show do Ghost no Rock in Rio
Os incautos poserzinhos que foram à primeira noite do
metal no Rock in Rio na quinta-feira, 19/09, cometeram o sacrilégio de
vaiar uma das melhores bandas dos últimos tempos. O pessoal que estava
na frente do Palco Mundo gritava por “Metallica” e mostrava indiferença
quanto à apresentação dos suecos do Ghost. Os fãs da trupe liderada por
James Hetfield não compreendem que cometeram um pecado grave ao
desrespeitar o show.
Os escandinavos, que foram responsáveis por uma das
performances mais técnicas e teatrais do festival até agora, são muito
mais do que o “Slipknot leve”, como disseram alguns "entendedores"
da grande mídia. Por trás da maquiagem e dos capuzes pretos
característicos do grupo, que não revela a identidade de seus membros,
está uma banda competente e criativa.
O SBG preparou uma lista com cinco motivos
para qualquer um virar fã dos caras e torcer para que voltem logo ao
Brasil, mesmo com a pataquada promovida pelos metaleiros tupiniquins.
Fica também a esperança de que Papa Emeritus II e os Nameless Ghouls
sejam mais bem recebidos nas outras datas da mini-turnê que fazem com
Iron Maiden e Slayer, em São Paulo (20/09) e Curitiba (24/09).
1. Mais que um show, uma experiência
O Ghost segue a escola de Alice Cooper, King Diamond e
de vários nomes clássicos do rock e do metal. O fato de usarem
máscaras, não revelarem a própria identidade e abordarem oculistmo
explícito nas letras não é mera publicidade. Trata-se de uma tentativa
de criar personagens e histórias, mais do que simplesmente fazer música.
Quando os membros da banda sobem no palco e encenam uma missa satânica,
elaboram algo maior do que um show musical. Realizam, na verdade, uma
performance teatral que é reforçada pelo anonimato e pela aura de
mistério. Quem tocou no Rock in Rio na quarta não foram músicos suecos,
mas criaturas infernais de verdade: essa é a ideia que o grupo tenta
passar. Os caras realmente entram em seus personagens, como em um filme
de terror, e nem a emoção de tocar para cerca de cem mil pessoas fez com
que a banda abandonasse seus papéis.
2. Técnica perfeita
Além de excelentes atores, o Ghost tem ótimos
músicos. As melodias apresentadas, apesar de cadenciadas, são bastante
complexas. Elaborar as diferentes texturas, as mudanças de ritmo e
adaptar-se ao timbre peculiar do vocalista não são tarefas para qualquer
compositor. Tocar tudo isso ao vivo, então, exige ainda mais maestria.
Quem conhece a banda percebeu que a execução das canções não teve nenhum
erro. Sem contar que a mistura soa menos polida e mais enérgica fora do
estúdio.
3. Não são dinossauros
Chega das bandas de sempre! Os
promotores brasileiros não costumam trocar o certo pelo duvidoso e
preferem trazer nomes já consagrados a apostar em grupos em início de
carreira. O Ghost foi a única banda escalada para o dia do metal que
está em evidência há pouco tempo – começaram a fazer sucesso entre os
fãs do gênero em 2010, com o lançamento do primeiro álbum. A vinda deles
pode ser um precedente para que mais grupos novos agendem shows por
aqui.
4.Inspiram-se nas origens, mas são autênticos
Mesmo injetando altas doses de rock clássico nas
veias e bebendo da fonte de Black Sabbath e Mercyful Fate, os suecos têm
identidade. Ao contrário de outras bandas do chamado revival setentista, as
criaturas infernais da escandinávia fazem muito mais do que requentar
música de décadas passadas. Eles tem aquele algo mais, evidenciado em
alguns acordes e na própria postura de palco, que torna o som
imediatamente identificável. É o Ghost, e não qualquer outro.
5.Idolatram satã
Músicas que falam do soldadinho que deixou os amigos e
foi pra guerra já encheram o saco. O Ghost não quer falar de política,
não quer salvar o meio-ambiente, nem listar as mazelas da humanidade. Só quer cultuar o pazuzu!
Ganha pontos por isso: existe coisa mais chata que banda pretensamente
intelectual? Precisamos urgentemente de grupos mais preocupados em
louvar a Lúcifer do que em fazer análise social.
Por Rodrigo Menegat
Cinco motivos para aplaudir o show do Ghost no Rock in Rio
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