SBG Entrevista: Velhas Virgens
Fundada
em 1986 no Estado de São Paulo a banda dispensa apresentações. Velhas
Virgens é uma banda mais que conhecida no cenário nacional por estar há
muito tempo em cena e ser eficiente no som que faz.
"A gente fala de diversão, putaria, bebedeira. Tem os puristas que acham que isso é muita esculhambação e que rock é uma coisa acadêmica. " Paulo Carvalho
Recheada de polêmicas e curiosidades a entrevista foi respondida por TODOS os membros da banda.
"A gente fala de diversão, putaria, bebedeira. Tem os puristas que acham que isso é muita esculhambação e que rock é uma coisa acadêmica. " Paulo Carvalho
Recheada de polêmicas e curiosidades a entrevista foi respondida por TODOS os membros da banda.
Confiram a Entrevista:
Como surgiu o
Velhas Virgens? Contem-nos sobre os primórdios da banda, como surgiu e de
onde veio a ideia desse nome genial?
Paulo de Carvalho: O nome vem
de um filme de Mazzaropi, de 1979, acho. Começamos como um grupo de amigos que
não sabiam tocar nenhum instrumento e queríamos apenas beber e nos divertir. A
coisa ficou mais séria quando voltei do Rock in Rio 1 (1985) e entrei numa
escola de música pra aprender a tocar baixo elétrico. Seis meses mais tarde meu
amigo de infância, Rick, se matriculou no mesmo Conservatório Musical de Santana
para aprender bateria. Ali conheci nosso primeiro guitarrista e fundador da
banda de fato, Alexandre Cavalo Dias. De lá pra cá muita gente entrou e
saiu. Nossa pretensão inicial era tocar na esquina, beber de graça e catar a mulherada.
Deste ponto de vista, fomos muito bem sucedidos.
Quais foram as
influências musicais para a banda no início da carreira?
Paulo: Todas, de
Elvis, Chuck, Richard, Eddie, Bill, Jerry Lee, Beatles, Stones, Led, Sabbath,
Purple, Creedence, Beach Boys, Rita, Raul, Made, Joelho de Porco, Pistols,
Clash, tudo...Mas acho que todas estas influências desaguaram em duas
bandas oitentistas brasileiras que nos marcaram com seu rock direto, humor e
crueza: Camisa de Vênus e Ultraje a Rigor.
Após tantos anos de carreira, como
vocês veem as mudanças no mercado musical brasileiro e a interação de
bandas independentes?
Alexandre Cavalo Dias: O mercado do final dos
anos 80 pra cá mudou completamente. Vimos o ocaso das grandes gravadoras, a
chegada do CD, do MP3, da música online, etc. Isso mudou completamente como o
mundo vê e ouve a música. As grandes gravadoras quiseram ir contra as
tecnologias e quebraram a cara. Isso fez florescer o mercado independente no
mundo inteiro e não é diferente no Brasil.
Quanto a interação das
bandas, o que eu vejo hoje são muitos coletivos onde os artistas se ajudam,
fazendo tudo em grupos. Isso barateia todo o processo e faz sua cadeia de fãs
aumentar mais rapidamente. O futuro é promissor pra quem tiver criatividade
e ousadia.
Simon Brow: O mercado agora é do mundo Sertanejo Pop, que é bem unido e um está sempre puxando o outro pro meio artístico, coisa que não acontece com o Rock Nacional, ou Independente Brasileiro. E tem o Funk carioca que retrata bem as condições às quais o povo é submetido aqui no Brasil com altos índices de analfabetismo, suas letras são bem o que a população tem hoje em dia!!
A Juliana é um
ícone da banda e musa dos fãs. Como ela encara a rotina de uma banda
voltada predominantemente para o público masculino?
Juliana Kosso: Uauuu,
uii ... huummm, ser a única e exclusiva da banda é um ponto, me
sinto lisonjeada!
Enfim, não creio que a banda seja voltada só ao público masculino, creio que falamos sobre liberdade de expressão e muitas mulheres se identificam com a proposta e vão aos shows pra se divertir também! Eu acho o máximo mulheres em ação! Eu me sinto num harém protegida pelos meus amos, super satisfeita com toda a rotina, afinal, sempre tive outras bandas com outros caras também, é um prazer!
Enfim, não creio que a banda seja voltada só ao público masculino, creio que falamos sobre liberdade de expressão e muitas mulheres se identificam com a proposta e vão aos shows pra se divertir também! Eu acho o máximo mulheres em ação! Eu me sinto num harém protegida pelos meus amos, super satisfeita com toda a rotina, afinal, sempre tive outras bandas com outros caras também, é um prazer!
Em 2012 vocês lançaram um DVD
financiado pelos fãs, arrecadando mais de R$ 30.000. De onde surgiu a
ideia de pedir essa ajuda para os fãs? Foi uma surpresa ter não só
atingido a meta, como também ter superado 10 dias antes do prazo final
para doações? Quantos fãs no total ajudaram a banda?
Cavalo: A gente já vinha
falando do financiamento coletivo, especialmente pra shows. Mas ninguém
acreditava muito nisso quando resolvi fazer. Pra mim não foi surpresa. Usei as
mesmas regras que agências de publicidade usam nas campanhas e funcionou
perfeitamente bem. A gente tinha uma base de fãs e eu contava que cerca de 1%
dessa base iria participar e outros tantos iriam ajudar na divulgação e foi o
que aconteceu.
Em 2013 fizemos outro
para um cd inédito e cerca de 1000 pessoas participaram. Foi um enorme sucesso
e viabilizou fazer um disco com produção mais elaborada, desde encarte até
contratar uma orquestra de cordas para uma músicas. Um maestro pra fazer
arranjo na balada, etc. enfim ficou um produto de alta qualidade e ninguém
pagou muito por isso.
Como foi o
processo de criação e fabricação da cerveja que leva o nome do grupo?
Tuca Paiva: Contamos
hoje (13/01/2015) com 4 rótulos diferentes que leva o nome Velhas Virgens, são
elas (na ordem cronológica) IPA (India Pale Ale) Indie Rockin' Beer; WIT Whitie
Rockin' Beer; Brown Ale Brownie Rockin' Beer e Fruit Beer Beijos de Corpo.
O nascimento da nossa
marca de cervejas nasceu da paixão que temos pelo nobre líquido, aí, conjugado
a isso eu comecei a fazer cerveja em casa e passamos a ter amizades com o
pessoal do meio das microcervejarias....com isso, chegamos ao nosso amigo e
parceiro Rodrigo Silveira da Cervejaria Invicta, que topou o desafio de fazer
nossas cervejas, e a bebedeira tá indo bem...
Por falar em cerveja, ano que vem
vocês vão lançar uma “Fruit Beer” de amora (inclusive divulgaram até o
rótulo na página do grupo no Facebook). Como é essa cerveja? Vocês possuem
outras “Fruit Beer”? *
Tuca: Sim, sim, essa breja (e as
outras também) está deliciosa, deve agradar a gregos e troianos, mesmo aqueles
que acham que breja que leva fruta na sua fórmula seja para os fracos. Nada
disso!
É breja de verdade bem
complexa e cheia de nuances de sabores. É base Ale com fermentação Sainson e
leva Amoras pretas e framboesas, tanto na mostura como na maturação.
Para
melhor ilustrar acho que cabe uma fonte oficial de informação sobre o
estilo: http://www.bjcp.org/2008styles/style20.php
Existe algum tipo
de preconceito por parte do público nas apresentações da banda? Qual foi a
pior cena que presenciaram em um show?
Juliana: Penso que
não, mesmo que se tiver qualquer preconceito ou a pessoa
perde o cabaço e se joga ou vai pra
igreja de vez, hipocrisia não combina com o ambiente das Velhas Virgens, as
pessoas vão aos nossos shows para se divertirem. Vejo que são pessoas livres pra ir e vir e com opinião própria!
Ninguém é obrigado a estar ali!
A pior
cena?? Só quando acaba a cerveja!!!!
Paulo: A gente
fala de diversão, putaria, bebedeira. Tem os puristas que acham que isso é
muita esculhambação e que rock é uma coisa acadêmica. Tem aqueles que nos chamam
de machistas por darmos nossa versão masculina sobre os fatos. Mas a maioria
entra na farra compreendendo que Rock'n'Roll pode ser muita coisa, mas
originalmente falava de sexo, farra e do distanciamento de gerações provocado
pelos mortos em guerras como a segunda guerra mundial, Vietnã e Coréia. por
isso trata-se de um fenômeno cultural e social nascido basicamente em países
que se envolveram nestes conflitos, como USA e Inglaterra. A cena que tenho pra
descrever não tem nada de pior: um batalhão de meninas se beijando na frente do
palco ao som de Ninguém Beija como as Lésbicas. Sensacional. Mas a pior talvez
tenha sido quando vimos um namorado ciumento agredindo a socos sua namorada num show em
Curitiba e eu tentando evitar que Cavalo desse uma guitarrada nele.
Nessa década
atual, onde as pessoas aparecem com os ânimos acirrados nas questões
sociais, vocês já sofreram repressão por algum grupo de feministas?
Cavalo: Por
incrível que pareça sofremos muito menos agora do que no século passado. Parece
que as mulheres entenderam a proposta. Sabem que o que fazemos é uma
caricatura, estamos escancarando uma realidade que a sociedade tenta esconder.
Acho que as pessoas entenderam que estamos falando sobre liberdade acima de
tudo.
Como é o processo
de composição das músicas?
Paulo: Basicamente
as letras e músicas são minhas, com algumas canções sendo feitas por Cavalo. De
quatro anos pra cá passamos a colaborar mais juntos, comigo mandando letras e
ele mandando melodias. E mais recentemente passamos a compor juntos mesmo. Em
geral, é da nossa parceria que surgem canções que são cronicas da madrugada,
dos botecos, do chifres, da putaria.
Atualmente vocês
estão em busca de um novo guitarrista. Quais as maiores dificuldades que
vem enfrentando?
Cavalo: A gente
tem um perfil em mente. Sempre difícil agradar todo mundo. mas um cara que
toque bem e não cause problemas já seria um bom começo.
O que pensam da
questão dos downloads ilegais? Até que ponto eles podem ser benéficos para
as bandas?
Tuca: Eu, Tuca,
acho que há tempos atrás, quando a vendagem de CD era fonte de renda para
custear a vida do artista (bem mais das gravadoras do que dos artistas, verdade
seja dita) o tema poderia ser controvertido, mas hoje acho que nem há dúvidas,
os downloads devem mesmo ser liberados, resta os artistas e gravadoras acharem
meios atraentes para o download ser feito por uma fonte oficial e rentável, pra
daí ter duas frentes: a oficial que gera renda e a extra que gera só
divulgação.
Bandas mais novas
no cenário nacional como Baranga e Cracker Blues possuem temáticas
semelhantes à de vocês nas letras envolvendo bebidas e mulheres. Vocês
acreditam que possam ter servido de influência para essas bandas?
Cavalo: Bebidas,
mulheres, sexo, drogas, etc. sempre foram as temáticas do Rock'n'Roll. De uns
tempos pra cá que ficou muito limpinho, muito politicamente correto. Ainda cabe
o escracho, a contestação dentro do rock. E isso que essas bandas e muitas
outras fazem.
Juliana: Eu
acho
que sim, afinal 28 anos de Velhas, vivos e fortes, não só influência
pela bebida ou mulheres mas sim ao todo contexto, ao tempo juntos, ao
recado dado, à diversão, aos riffs, à ousadia!
Somos uma banda na raça da independência somados aos fãs! Só por esse motivo eu mesma faria uma banda de rock!
Somos uma banda na raça da independência somados aos fãs! Só por esse motivo eu mesma faria uma banda de rock!
Tuca: Humildemente
acredito que sim, abordamos essa temática há muito tempo, alguns vagabundos
beberrões devem ter feito uso da mesma fonte pra criar suas
músicas. Inclusive já dividimos copos e palcos juntos hehehe
Como vocês veem o
cenário Rock’n’Roll nacional? Você tem um recado para as bandas recentes?
Juliana: Cada um
de nós temos opiniões, falo aqui da minha, eu penso que não
adianta nada escutar rock dentro do quarto, usar uma camiseta do
Iron
e apertar o play pois bandas sobrevivem de shows para
produzirem
discos e coisas pra existir no mercado, a cena rock nunca
morreu, mas
sobrevive como a vida de um gato, a cultura do País é
popular e as
filas do pagode, do funk e do sertanejos dão voltas nos
quarteirões e
cria-se força. Vejo que no vertente ROCK, não deveria ser
dividido
em grupos ou tribos e sim somados aos grupos ( punk+
blues+ metal+
rock e afins)....e assim sendo...contratantes felizes e
sorridentes,
bandas de rock produzindo com potência ,mais casas de show de
ROCK e
público se divertindo sempre....Eu acho que falta é união, falta
sair
do quarto e falta presença pessoal, em vez de só falar mal do
fulano
do funk pela internet ou numa roda de amigos....ser rock é
atitude
não só em palavras, mas em atos!
Recados pras bandas é fazer com o coração, qualidade de
gravação, ter um bom vocal, um bom guitarrista, fazer som próprio e respeitar
a
profissão “músico”.....Assim pode-se ter o retorno do que
vc está
mostrando pelo teu trampo!
Simon: Eu vejo um cenário de poucas oportunidades de divulgação, as rádios estão mais preocupadas em tocar bandas gringas e dão pouco espaço para o que está acontecendo aqui no país, tem muita gente desistindo de fazer música porque na verdade o cenário musical aqui aconteceu nos anos 80, agora até o JABA mudou de nome e mesmo assim faltam meios de divulgação.
Para as bandas novas ou
pra quem está começando,é procurar inovar sempre,deixar a coisa (música) mais
abrasileirada pra conseguir um espaço lá fora. Nunca desistam de seus sonhos,apenas
tenham criatividade para dar continuação a eles!
Jogo
rápido:
·Valesca ou Anitta?
Juliana: B.U.C.E.T.A!
Cavalo: Mulheres são bem-vindas sempre!
Paulo: Anitta sem som!
·Quais bandas/estilos vocês ouvem fora
do Rock/Metal?
Juliana: Dependo muito do meu estado de
espírito , ouço de Tim Maia à System of
a Down....gosto de ouvir coisas boas, vozes
legais, mas me surpreendeu muito uma banda que se chama Alabama
Shakes, foi amor à primeira vista que eu vi, foi química , lance de
pele
Cavalo: Eu ouço MPB/Samba/Big Bands.
Paulo: Muito e de tudo. Adoro Charlez Aznavour, Vander Lee, Beck. Cavalo gosta de Cake. Cada um tem um gosto pessoal diferenciado.
Cavalo: Eu ouço MPB/Samba/Big Bands.
Paulo: Muito e de tudo. Adoro Charlez Aznavour, Vander Lee, Beck. Cavalo gosta de Cake. Cada um tem um gosto pessoal diferenciado.
·Santos ou São Paulo?
Juliana: São Paulo. Sou completamente urbana, prefiro coturnos a biquínis.
Juliana: São Paulo. Sou completamente urbana, prefiro coturnos a biquínis.
Cavalo: Santos de dia e São Paulo a noite.
Paulo: A cidade de São Paulo é minha casa.
Paulo: A cidade de São Paulo é minha casa.
·Vodka ou Tequila?
Juliana: Tanto faz, a ordem sempre altera o
produto.
Cavalo: Ambas.
Paulão: Já foi tequila. Hoje seria vodka.
Cavalo: Ambas.
Paulão: Já foi tequila. Hoje seria vodka.
·Campinas ou Pelotas?
Juliana: Campinas. Eu gosto de ficar perto de
casa.
Cavalo: Pelotas que é mais longe de casa.
Paulão: Tenho mais amigos em Campinas.
Cavalo: Pelotas que é mais longe de casa.
Paulão: Tenho mais amigos em Campinas.
·Sub Zero ou Itaipava?
Juliana: Indie Rockin Beer.
Cavalo: Nenhuma.
Paulão: Água.
Paulão: Água.
·Heineken
ou Budweiser?
Juliana: Whitie
Rockin Beer.
Cavalo: Heineken.
Paulão: Heineken.
Paulão: Heineken.
* - A Entrevista foi enviada no fim de 2014, por isso a "Fruit Beer de Amora" está datada para ser lançada 'no próximo ano'.
Equipe SBG
SBG Entrevista: Velhas Virgens
Reviewed by Rodolfo Silva
on
20:54
Rating:
Boa entrevista!Deveriam fazer mais entrevistas assim e principalmente com bandas nacionais.
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