Top 10: Melhores discos de 2014 por Rodrigo Menegat

2015 já começou, e muito bem, mas antes de irmos para as reviews do ano novo, precisamos finalizar a retrospectiva de 2014. Eis a última lista de melhores lançamentos do Scream Blog Gore!

10. Insomnium – Shadows of The Dying Sun



Quando o death metal melódico surgiu lá pelo final dos anos 90, o adjetivo “melódico” era apenas decorativo. Ainda que as bandas do gênero tocassem com mais ritmo e cadência que os ícones old-school, a rispidez e a violência ainda eram a característica principal. O Insomnium foi uma das bandas que, no início dos anos 2000, resolveu levar o termo ao pé da letra ao inserir passagens acústicas e vocais limpos na sonoridade. Em pouco mais de dez anos de carreira, no sexto álbum de estúdio, o grupo chegou ao auge: sem renegar as origens do estilo, Shadows of The Dying Sun mescla velocidade, beleza e melancolia em um disco que consegue ser emotivo e agressivo ao mesmo tempo.

Destaques: Collapsing Words, The Promethean Song

9. Decapitated – Blood Mantra



Blood Mantra traz o que sempre se espera do Decapitated: brutalidade e velocidade em níveis inimagináveis. O grupo polonês exibe em oito faixas – ou nove, na bonus version – toda a técnica e brutalidade adquirida em dezoito anos de carreira. Sem intervalos e interlúdios, o álbum demonstra que ainda há o que explorar na já muito utilizada fórmula de blast beats, guturais e quebras de ritmo típica do death metal contemporâneo. O disco é, também, a prova máxima de que é possível compor música complexa e de difícil execução sem cair na masturbação musical.

Destaques: Veins, Instinct

8. Bloodbath – Grand Morbid Funeral



Não poderia ter acontecido algo melhor para o Bloodbath do que a saída de Mikael Akerfeldt. Enquanto ele estava ocupado levando o Opeth ao extremo do folk-rock-progressivo-psicodélico-experimental, Nick Holmes (Paradise Lost) ocupou o posto e a qualidade dos vocais aumentou dramaticamente. Não que Akerfeldt cante mal, longe disso! Acontece que a voz rouca e arrastada de Holmes combina melhor com o death metal old-school do grupo. E o resto? Bom, o resto é death metal puro e simples, inspirado nos clássicos dos anos 80 e 90. É batido? É. Existem mil bandas que fazem isso? Existem. Mas nenhuma consegue fazer melhor. Esses são os caras do Katatonia e do Opeth deixando de lado seus novos rumos musicais e fazendo muito barulho. Pra que mais?

Destaques: Church of  Vastitas, Mental Abortion

7. Misery Index – The Killing Gods


É difícil que a mistura de grindcore e death metal decepcione. Os dois gêneros praticamente se complementam, a despretensão anti-musical de um encontrando a parceria perfeita nos timbres e riffs do outro. Entretanto, é ainda mais difícil que um álbum do estilo seja marcante a ponto de aparecer entre os grandes lançamentos do ano, já que os músicos costumam repetir uma fórmula fácil. Pois bem, o Misery Index conseguiu: ao colocar muita melodia nas guitarras e desacelerar um pouco, com mais death do que grind, o grupo americano se diferenciou o suficiente para figurar entre os destaques de 2014.

Destaques: Conjuring The Cull, Gallows Humor

6. Primordial – Where Greater Man Have Fallen



Poucas bandas mantém a consistência por tanto tempo quanto o Primordial. Desde 2005, o grupo lança álbuns sólidos, todos com as características marcantes que fazem do som um dos mais particulares do cenário atual. É um pagan black metal de faixas longas e atmosféricas, com um clima beligerante e de reverência a um passado mítico. No topo disso tudo encontra-se um vocal extremamente poderoso, capaz de unir as canções sob a mesma sensação de orgulho e angústia. Apesar de repetirem a mesma fórmula, cada lançamento soa diferente do anterior. Os músicos sempre encontram uma maneira de se reinventar dentro dos limites sonoros que determinaram para si. Em Where Greater Man Have Fallen, os riffs tornaram-se mais definidos e encorpados, distantes da massa instrumental dos álbuns anteriores, o que torna a sonoridade mais agressiva.

Confira também a resenha completa publicada no início de Dezembro!

Destaques: Ghosts of The Charnel House, Where Greater Man Have Fallen

5. Godflesh – A World Lit Only By Fire




O álbum mais perturbador de 2014. A World Lit Only By Fire – título que faz referência a um best-seller do final dos anos 90 sobre a suposta estagnação intelectual da Idade Média – leva o metal industrial de volta a suas origens, distante de grooves dançantes e de flertes com o thrash metal. Repetitivo, mecânico e barulhento, o disco usa elementos de noise para criar um ambiente obscuro e assustador. Quando surgiu, no final dos anos 80, o Godflesh soava como o Black Sabbath da era pós-industrial. Substituíram os riffs sombrios de Iommi & cia. por padrões impessoais e artificiais para criar o ambiente sonoro de um novo tempo. 25 anos depois do primeiro lançamento, pouca coisa mudou – e esse tipo de música nunca esteve tão sintonizada com a realidade.

Destaques: Imperator, Deadend

4. Epica - The Quantum Enigma



O Epica sofre demais graças ao próprio passado. Não é fácil desassociar o grupo dos primeiros discos, quando a banda realmente era muito chata. Quem julga a banda pelo que fez no início da carreira, porém, perde a chance de conhecer alguns dos melhores álbuns dos últimos anos. Desde que absorveu praticamente metade dos membros do God Dethroned, o time liderado por Simone Simons abandonou o passado de sósia do After Forever para fazer, sim, melodic death metal. The Quantum Enigma é o sucessor direto do ótimo Design Your Universe (2009), sem cair na pretensão e nos erros do antecessor imediato, Requiem For The Indifferent, de 2012. A voz limpa de Simone contrasta com os guturais do guitarrista Mark Jansen e do baterista Ariën van Weesenbee e os elementos sinfônicos não sobrecarregam as composições: pelo contrário, deixam o peso aparecer.

Destaques: Victims of Contigency, Sense Without Sanity, Reverence

3. Fallujah – The Flesh Prevails



Não há sub-gênero no metal que resista à moda do experimentalismo ambient post-alguma coisa. O Fallujah, que se destacou com o álbum anterior por fazer death metal ultra-intrincado, entrou na onda e produziu um disco que abandona o culto a técnica para se preocupar com melodias e texturas. O resultado foi um trabalho que atraiu críticas e elogios na mesma proporção, mas algo que não faltou foi originalidade.

Destaques: Carved from Stone, Starlit Path

2. Mastodon - Once More Round The Sun



A capa já entrega: o Mastodon está mais psicodélico do que nunca. Resta pouco da banda que ganhou espaço com o lançamento de Leviathan, em 2004. Dez anos depois, o grupo já deixou sua marca na definição do sludge metal e agora busca expandir os próprios limites artísticos, já bastante dilatados pelos surpreendentes Crack The Skye (2009) e The Hunter (2011). As onze faixas de Once More Round The Sun não deixam de fazer barulho, mas buscam cada vez mais inspiração no rock ‘n’ roll e no rock progressivo.

Destaques: High Road, Aunt Lisa

1. Animals as Leaders – The Joy of Motion



Em um gênero dominado pela pretensa virtuosidade e solos de guitarra mirabolantes, é recompensante ouvir uma banda capaz de aliar técnica e musicalidade. O Animal as Leaders é um dos poucos grupos que consegue exibir tamanha habilidade de maneira natural. A capacidade dos músicos está sempre evidente, mas as faixas soam coesas e empolgantes, sem se perder no exibicionismo. O som de The Joy of Motion é difícil de descrever, pois se aproxima de influencias que vão do rock progressivo e do jazz até variedades de música latina e bossa nova (!). De constante, só mesmo a solidez e a empolgação: o disco não decepciona por sequer um segundo.

Destaques: Para Mexer, Physical Education

Top 10: Melhores discos de 2014 por Rodrigo Menegat Top 10: Melhores discos de 2014 por Rodrigo Menegat Reviewed by Rodrigo Menegat on 01:00 Rating: 5

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