Enslaved - In Times (2015)


O Enslaved tem seu merecido destaque na cena norueguesa de black metal, mas não por acontecimentos históricos ou problemas com seus membros. A banda é notoriamente reconhecida por soar completamente diferente dos grupos com que se relaciona diretamente, como Gorgoroth, Mayhem, Darkthrone e até o Burzum e o Bathory. O som não é tão cru, há uma clara influência de Prog e lampejos mais próximos do Folk, com toques acústicos e vocais limpos.

Juntando tudo isso, a banda é geralmente rotulada como um grupo de Black/Viking Metal, mas esse termo é limitante demais para músicos com tanta qualidade e criatividade.

O quinteto está na ativa desde 1991, mas nem sempre fez músicas como as atuais. A evolução dos músicos é visível a cada disco, sempre se aprimorando, inovando e buscando horizontes mais longínquos, muito além do que o Black Metal pode oferecer.


In Times é o décimo terceiro disco de estúdio da banda e o caminho percorrido ao longo dos anos leva a um ótimo resultado. O álbum apresenta apenas seis músicas, longas e com variações no tempo. As faixas alternam momentos extremamente agressivos, com vocais urrados, típicos do gênero, e uma dupla de vocais limpos. A alternância das vozes é acompanhada pela qualidade invejável dos instrumentistas, que abusam da liberdade nas composições para construir um som totalmente fora de padrões, quase se aproximando de um Avant-Garde Black Metal.

O disco começa com Thurisaz Dreaming e já mostra sua faceta mais crua e repulsiva: guturais e guitarras implacáveis, doentias, ofensivas. A faixa avança nesse ritmo frenético até uma desaceleração, quando o som se torna mais ritualístico, quase psicodélico, e o vocal limpo faz seu papel de mestre de RPG narrador e ambientador.

Apesar de não ser um padrão, essa fórmula se mostra funcional e está presente em determinados momentos do disco. A variação funciona perfeitamente, sem deixar o ouvinte entediado por sequer um momento.

Building with Fire e In Times são as canções onde os vocais limpos tem maior destaque.  Claro, isso chama muito a atenção, o que torna essas músicas o destaque da obra. O teclado não é um diferencial tão grande assim, mas o tecladista, Herbrand Larsen, tem uma voz que combina incrivelmente bem com o som. Algumas reviews de fãs e especialistas chegam a compará-lo com Michael Åkerfeldt, do Opeth.


One Thousand Years of Rain tem uma introdução acústica que logo avança para um som mais ríspido, abusando da interação bateria-guitarra e alternando uma belíssima sequência de guturais e vocais limpos. As letras são voltadas às tradições nórdicas, aos mitos e à cultura local, engrandecendo ainda mais o som.

Lançado pela Nuclear Blast, a capa aparece sem um grande diferencial, apesar de pessoalmente achar a arte bem bonita.

As músicas se encaixam de forma perfeita, avançando e evoluindo muito bem dentro do álbum, deixando poucas falhas no caminho.  Comparado à RIITIIR, disco anterior da banda, o lançamento tem menos momentos de destaque, mas demonstra uma consistência bem maior como conjunto.

O ponto baixo do disco é sua duração: "apenas" 53 minutos.

Sem comparações com outros álbuns do Enslaved, In Times é um excelente lançamento que merece ser ouvido por fãs de Black Metal em geral e, por que não, fãs de outros estilos que não se intimidem com um som mais violento.

Nota: 9

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Por Alexandre Romansine
Enslaved - In Times (2015) Enslaved - In Times (2015) Reviewed by Alexandre on 22:42 Rating: 5

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