Considerações sobre o quinto argumento + 5 músicas que provam que Satanás é mais legal que política

O último post, sobre o show do Ghost no Rio, bateu TODOS os recordes de acessos no Scream Blog Gore! Já recebemos mais de 20 mil visitas em pouco mais de 24 horas. Acontece que grande parte dos leitores não aprovou o nosso quinto motivo para aplaudir a apresentação dos caras – não entendiam porque deveriam gostar de uma banda que só fala do Diabo, e também não entendiam porque a implicância com letras politizadas.
Bom, além de aproveitar pra realçar o evidente tom irônico desse polêmico argumento, trago uma explicação mais detalhada de porque cultuar os deuses infernais é muito mais legal que falar de problemas sociais, especialmente para bandas de metal. No final, aproveitem uma lista de cinco canções espetaculares patrocinadas pelo nosso querido Coisa-Ruim. Boa leitura!

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Ainda existem aqueles que acham que música, pra ser válida de verdade, precisa ter engajamento social. De fato, quando compositores conseguem encaixar qualidade melódica e letras politizadas, a mistura é excelente – só que isso é raríssimo. O que acontece com frequência é que, para referendar a suposta superioridade de um gênero ou banda, fãs costumam enxergar politização onde não existe.
 No metal, essa postura é muito comum. Faz parte da catequese dos fãs do estilo – aquela fase em que se começa a ouvir Iron Maiden e Metallica aos 13 anos – acreditar que essa é a música mais inteligente do mundo.


São poucas as bandas que tem a competência do Napalm Death pra falar de política. A maioria parece criança mimada.
Heavy metal é um termo extremamente amplo que designa um sem fim de subgêneros muito particulares, que podem ser simples ou extremamente complexos. Se é pra falar de técnica, até que dá pra acatar essa entusiasmo. Existem músicos virtuosos no estilo, capazes de compor canções absurdamente intrincadas.
Porém, quando a conversa é sobre letras e temáticas, a coisa muda de figura. É comum que metaleiros se aventurem a falar de política, de religião, de desigualdade social e de tudo que está errado no mundo. Geralmente, essas tentativas mal arranham a superfície de qualquer problema.
São poucos os grupos como o Gojira, o System of a Down e o Napalm Death, que conseguem fazer uma crítica precisa e bem delimitada. A maioria parece destilar um ódio infantil contra algo que mal sabem o que é. Música raivosa pode gerar resultados sensacionais, mas estar puto não é o mesmo que fazer política.


O Gojira, banda francesa que canta sobre problemas ambientais, é um dos poucos grupos de metal que conseguem falar de política com precisão


Por outro lado, desde os primórdios, com Led Zepellin, Black Sabbath e toda essa galera, o metal tem tradição em produzir excelentes letras meio heréticas, baseadas em ocultismo, cinema e literatura. Temas banais, mas que deram origem à algumas das melhores composições do estilo – e aí vamos de Mercyful Fate até Venom, passando por Bathory e mais mil nomes.
Não há vergonha nenhuma em abordar temas como esse. A cultura pop – e com ela todo esse papo de horror e misticismo, que surgiu muito antes do metal - sempre inspirou compositores. É muito melhor falar dessas “bobagens desimportantes” do que falar besteira e parecer criança urrando contra o sistema. Se é pra falar de política, que se faça direito – e isso é coisa rara de acontecer.
Satanás pode ser benéfico para o metal como temática artística. O oculto, o profano, o misterioso e o obscuro são temas caros a toda mitologia do estilo. Não são poucas as bandas e músicas excelentes cuja principal inspiração é o cramunhão. O Ghost tem méritos por resgatar uma abordagem que é tradicional do estilo e que foi esquecida nos últimos tempos.   Qual é a dificuldade de encarar isso como arte pura e simples?

Apesar de meio ridículos, King Diamond e Mercyful Fate provam que metal e o Coisa-Ruim tem tudo a ver 


Segue uma lista com cinco canções blasfemas que provam que falar do Pazuzu pode ser muito mais interessante que gritar que está com raiva do mundo ou descrever as tristezas de um soldado no front.

5. Come To The Sabbath – Mercyful Fate


Clássico do metal tradicional, com direito a participação de bruxas, demônios e de Lúcifer em pessoa. A música descreve uma reunião para invocar e cultuar ao Belzebu. Reza a lenda que King Diamond se inspirou em um show do Ghost para escrever a letra.

4. Ghost – Satan Prayer


Uma música cadenciada, um riff deliciosamente clássico e um refrão impossível de tirar da cabeça embalam essa oração em louvor do demônio. É tipo um “Santo Anjo do Senhor”, só que ao contrário. Especialistas recomendam que você ensine seu filho a rezar isso aqui antes do armaggedon.

3. Possessed – Pentagram

A canção descreve as “terras do rei da escuridão” e fala de mortos-vivos que atacam pecadores. Clichê pra caralho, mas está no primeiro disco de death metal da história. Quem não curtir isso aqui só pode ser fã de Bon Jovi.

2. Venom – At War With Satan

20 minutos que descrevem um ataque das legiões do inferno, lideradas por Lúcifer, contra o Paraíso. Os demônios tomam os céus, jogam os exércitos do anjo Gabriel no poço de fogo, queimam o trono de Javé e destroem a santíssima trindade. Linda obra poética, comparável apenas ao Inferno de Dante.

1. Black Sabbath – Black Sabbath

Precisa falar alguma coisa sobre essa maravilha aqui? Provavelmente a música mais sombria da história. Descreve o encontro de um viajante desavisado com o próprio Satanás. Aqueles sinos do início marcam o surgimento do heavy metal como o conhecemos.


Emeritus II manda um beijo pra você 


 Por Rodrigo Menegat
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