Spiritual Front – Armaggedon Gigolo

Armaggedon Gigolo é sexy.

A principal característica desse álbum, lançado em 2006 pelos italianos do Spiritual Front, é a sensualidade. A voz grave do vocalista Simone Salvatori e o ritmo inebriante das canções, marcado por guitarras, violinos e backing vocals sussurrados, criam uma atmosfera extremamente erótica. Mas não é um erotismo qualquer, forçado, desses que dá pra encontrar em qualquer disco. É um erotismo digno daqueles amores depravados que, movidos por doses nada modestas de álcool, acabam em um quarto escuro e em uma lista interminável de perversões.

O som desse quinteto formado na cidade de Roma normalmente é rotulado como neofolk. Trata-se de um termo vago demais para retratar a peculiaridade da banda. Os membros do grupo adotam uma definição diferente para seu estilo. Afirmam tocar um nada convencional ‘nihilist suicide pop’, o que não diz muito. Para passar as coisas a limpo de uma vez: a música do Spiritual Front passeia por vários estilos, do dark cabaret ao pop, sempre acompanhada por instrumentos de corda e uma atmosfera erótica e sombria.

Algumas faixas completamente diferentes se sobressaem no álbum. A melhor delas é My Kingdom for a Horse, composta apenas por voz e violinos. Logo depois vem Cruisin’, que parece uma balada pop oitentista. Love Through Vaseline traz flertes mais intensos com o dark cabaret. Jesus Died In Las Vegas, além de ser uma das músicas mais sombrias do disco, tem uma letra espetacular.

Ah, as letras! Todas as músicas de Armaggedon Gigolo são extremamente depravadas, mas essa perversão fica quase sempre subentendida, demonstrada apenas em alguns sussurros, suspiros e no próprio ritmo das canções. A linguagem usada (quase) nunca é explícita, e não há gemidos em momento algum – o que um alívio, já que muitas bandas que tentam soar sensuais abusam desse artifício nada criativo e extremamente constrangedor. A sexualidade é exposta de maneira metafórica, e o foco fica nos anseios e dissabores que envolvem esses sentimentos que, antes de qualquer estereótipo, são essencialmente humanos.

Pretend to love my imperfection at least for a minute
Infect my dreams with your taste
You know how to enter in me
You know how to softly torture
You know how to torture my innocence
There’s a falling bridge between my heart
and your upside down world