Novembers Doom - Bled White (2014)


Demorou, mas finalmente o novo trabalho dos americanos do Novembers Doom saiu. Nos três anos que separam esse lançamento do anterior, Aphotic, a banda passou por pequenas mudanças nos membros, como a troca do baterista. Além disso, Paul Kuhr, vocalista e frontman, disse em uma entrevista recente que o ano em que o álbum realmente tomou forma foi, para ele, igualmente depressivo e alegre. É estranho pensarmos nisso e entender o significado do que ele diz, mas essa atmosfera dá forma ao álbum como um todo.

Falando resumidamente sobre o Bled White: boas doses de melodia, vocais surpreendentemente variados e um toque quase exagerado de ênfase no instrumental. É difícil digerir a passagem da obra por toda a ambientação e tudo o que parece novo no álbum. Apesar das aparências, ouvindo com cuidado é possível notar trechos que nos remetem às diversas facetas da discografia da banda, deixando um sentimento saudosista aliado ao gosto pelo som.

O álbum mantém a tradição depressiva do grupo, porém não fica ao The Pale Haunt Departure ou ao The Novella Reservoir. É um trabalho com uma identidade única na carreira dos músicos, que soa triste e belo, novo e incomum, despertando sensações difíceis de descrever, mas que ainda soam como o velho e bom Doom/Death tradicional da banda.


Começando com a já divulgada Bled White, temos os vigorosos vocais ambientando a faixa e um instrumental diferente do que estávamos acostumados, que mostra toques progressivos estranhos, porém bem colocados. Seguindo com outra faixa que já havia sido disponibilizada, Heartfelt, notamos um vocal diferente; Paul Kuhr nos surpreende aqui variando ainda mais seu consagrado gutural. Com um refrão pegajoso, é a típica faixa que recebe um clipe obscuro e recheado de significados.

A terceira música, Just Breath, vem para desacelerar o ritmo até então crescente e somar doses de introspecção. É um dos pontos em que o entendimento da letra se torna mais simples e claro, acompanhado de um belo solo quase no final. Em seguida há um pequeno interlúdio no violão sob o nome Scorpius e a Unrest começa como todo o peso que faltou nas duas faixas anteriores acumulado. É outra música onde a versatilidade dos vocais fica bem nítida, somando muito ao conjunto.

Depois da já divulgada The Memory Room temos a The Brave Pawn, que surpreende novamente pelos vocais pra lá de incomuns para a banda. Na sequência temos a faixa Clear, que nos traz de volta o velho e saudoso Novembers Doom dos anos 2000, cheio de melodia, mas sem deixar o peso de lado. The Grand Circle possui uma lenta introdução com um tom quase gótico, até sermos apresentados ao instrumental potente e a canção tomar rumo: intensa, arrastada e sombria. É bem fácil notar as diversas influências que compõem o disco nessa música, porém ela fica um pouco aquém do conjunto.

Encerrando o disco, temos a Animus e a The Silent Dark, e o final não poderia ser melhor. Somando quinze minutos de muita introspecção, melodia e algumas doses de agressividade, as duas músicas vem para colocar um ponto final definitivo em um dos álbuns mais estranhos da banda. O disco tem uma dualidade bem difícil de acompanhar, e isso é fortemente evidenciado na última canção.

Foram necessários alguns dias e muitas horas ouvindo o álbum pra escrever esse texto, o que reflete a dificuldade de absorvermos a obra como um todo e as suas particularidades. Apesar de durar pouco mais de uma hora, a sensação que temos é que muito tempo se passou enquanto as músicas tocavam e que pouco entendemos de tudo o que foi ouvido. O mesmo se repete na quarta, quinta, sexta vez em que tentamos escutar o disco por inteiro. Ouvir as faixas separadamente diminui essa sensação de "estar perdido", porém tira o brilho da comparação do Bled White com o resto da discografia. Com todas as considerações, tudo aqui é ótimo, mas o trabalho para entender completamente esse álbum é demasiado.

Nota: 8,5

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Por Alexandre Romansine
Novembers Doom - Bled White (2014) Novembers Doom - Bled White (2014) Reviewed by Alexandre on 15:17 Rating: 5

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