Quintessence - Discografia comentada


Não é novidade que a França é berço fértil do Black Metal, mas a cada dia a qualidade e quantidade de bandas boas de lá me surpreende.
Em 2007, o Occulta, com apenas uma demo lançada muda seu nome para Quintessence, com dois guitarristas e outros três membros. Em 2008, os três músicos são substituídos por Fog, que sozinho comanda a bateria, o baixo e de quebra faz todos os vocais.


Próximo do Raw, a sonoridade tem passagens mais progressivas, mais calmas, flertes com o Doom e um excesso notório de agressividade que transborda o instrumental e aparece com relevância nas letras, misantropas, doentias e pessimistas ao extremo. Além dos álbuns de estúdio, a banda lançou um Split com o Valuatir, também da França, limitado a 666 cópias. Clichê, porém bem interessante.

Le Fléau de Ton Existence (2009)

Um debut relativamente curto, com pouco mais de 45 minutos de música ruim distribuídos em nove faixas. O instrumental não revela grandes surpresas: sempre presentes, as guitarras mantém a ambientação e o clima pesados, exibindo riffs o tempo todo e arriscando em alguns solos; já as letras são um show à parte, com uma temática comum de violência, guerra e variados toques de gore, são poéticas, de construções habilidosas e um sentimento negro e profundo, quase ultrarromântico. Vemos exemplos de violência na música Veines païennes:

Cultivando a doutrina da animosidade aos animais
A aniquilação de culturas tribais
Por perseguições vãs e constantes do que vocês nomeiam "o Mal"
Que assim sua vontade seja feita contra todos, pela ignorância

A guerra aparece em Misère et pestilence:

Erradicar em um banho sangrento toda essa massa disforme abjeta
E destruir até o final, todas as formas de existência
No pesadelo de remover a corrosão dessas almas pútridas
E calciná-las em tormento, toda a subsistência

Assim, no futuro, seria
A absolvição dos pecados terrenos

Cruel, porém belamente disfarçada por trás das palavras. O gore fica para o final, na canção Les pleurs de l'agonie:

Sofrendo, gemendo, sangrando pelos poros
A pele então murcha, após os olhos se revirarem
Sofrimento amargo, suculenta agonia macabra
Sofrendo, gemendo, sangrando pelos poros
Apodrecimento da detestável carniça de vícios
A redenção castiga os que abusam da piedade

As letras em geral se utilizam de cenários medievais e climas bem sombrios, dando um toque especial ao disco. Regravado em 2010, ganhou 5 faixas ao vivo.

Música para ouvir: Hymne à l'infamie

Le Bourreau de Tiffauges (2011)

De alguma forma os músicos conseguiram amadurecer seu som em apenas dois anos e lançaram uma obra melhor que a anterior. Começando com o hino 1404, o álbum é ligeiramente mais longo que o de 2009 e possui duas músicas a menos. Traduzindo, as composições tiveram maior importância e as músicas soam com mais toques de Doom, mas ainda não chega a ser Black/Doom Metal.

Lançado sob uma gravadora diferente, esse disco tem uma produção mais suja, que reforça o lado sombrio das letras e ambienta muito bem o ideal de pessimismo e reclusão que envolve a banda e suas temáticas. Com maior presença de solos e arranjos bem mais trabalhados, as guitarras se sobressaem muito ao conjunto, o que reflete positivamente para a maior parte das faixas.

Música para ouvir: L'or à la croix de sang

Infelizmente a banda não lançou mais nenhum material. Os dois registros acima são bem difíceis de serem encontrados e contam com ótimas artes de capa, onde nem o mais tr00 encontra defeito.
É uma banda quase única, que não tem uma sonoridade fácil de ser encontrada e difere bastante da massa de grupos franceses de BM.


Obs: os trechos das canções contidas na matéria foram traduzidas pelo autor estando, portanto, passíveis de erro.

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Por Alexandre Romansine
Quintessence - Discografia comentada Quintessence - Discografia comentada Reviewed by Alexandre on 16:26 Rating: 5

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