Exceções: Katatonia – Discouraged Ones

Em um estilo musical tão diversificado como o metal, com seus inúmeros sub-gêneros e formas de abordar uma mesma vertente, é normal que existam opiniões das mais diversas acerca de bandas, músicos e álbuns. Sempre temos as bandas que vamos com a cara, as que gostamos, as que amamos de paixão e aquelas que ainda nos tornam completos fanáticos por cada passo da vida de cada integrante da banda. Não preciso citar nomes, pois bandas que geram esse fanatismo já são obviamente bem conhecidas.

Existem também aquelas bandas com as quais não vamos com a cara. E ainda aquelas que não gostamos de forma alguma. Tentamos e tentamos escutar uma, duas , três vezes, mas o som simplesmente não desce. Isso vale para apenas grupos específicos ou vertentes inteiras. Vide o Metal Melódico, com um número de apreciadores tão grande quanto o número de pessoas que detestam o estilo.

Mas voltando a focar em bandas especificas, existem aquelas que, mesmo detestando toda uma extensa discografia, existe aquele registro em especial que apreciamos do inicio ao fim. Pode ser uma mera demo ou um curto EP, não importa, aquele registro é o único que chama a atenção de uma pessoa que detestaria até mesmo um gênero inteiro. Vide o clássico Walls of Jericho do Helloween, aclamado e elogiado por fãs de Speed, Thrash e até mesmo Death e Black metal, mesmo estes ouvintes torcendo o nariz para o resto do catalogo do quinteto alemão.

E é de uma dessas exceções que falarei hoje. Falarei do grupo sueco Katatonia. Mesmo sendo mundialmente apreciado, eu nunca consegui ‘entrar no clima’ que eles sempre procuram imprimir em sua musica, nem mesmo em sua fase Death/Doom. Mas as capas, os títulos das canções, de alguma forma sempre me chamavam para mais uma tentativa. E sempre era mal-sucedida. o som nunca me agradava plenamente. Até eu me deparar com Discouraged Ones.



Lançado em 1998, este disco marca a mudança brusca na sonoridade da banda. Por não ser mais capaz de executar vocais guturais como antes, o vocalista Jonas Renkse começou a usufruir de seu incomum timbre limpo. É um daqueles músicos que canta uma silaba e você já sabe de quem se trata. Instrumentalmente a banda também mudou, passando a tocar um som mais Rock, menos arrastado como o Doom metal, mas ainda assim melodias melancólicas e sombrias permaneceram, juntamente com as letras depressivas. Muitos fãs se perderam com essa mudança drástica, mas a banda conquistou muitos outros, ao mesmo tempo em que uma quantidade razoável de antigos admiradores continuou a apreciar o som do quinteto.

O disco abre com a excelente “I Break”, mostrando logo de cara que se tratava de uma banda completamente nova se comparada com o aclamado Brave Murder Day. “Stalemate” vinha logo em seguida, com um pré-refrão bem grudento e belos e simplistas comentários da guitarra solo. “Deadhouse” é uma das melhores do disco, com um refrão melancólico e extremamente profundo. O vocal de Jonas não fica atrás, passando toda a desmotivação que o protagonista da letra tenta expressar. A única música razoavelmente alegre vem logo em seguida. “Relention” é mais uma canção com um refrão de fácil assimilação, mas infelizmente peca por ser curta demais. “Cold Ways” é mais um destaque, crescendo de pouco a pouco até seu término, com um refrão sendo repetido até desaparecer no silencio completo. “Gone” é a musica com cara de balada e também é excelente, com seu clima que me remete à um dia nublado, com folhas mortas repousando sobre o chão. Mas esta faixa também peca por ser muito curta. Não deixa de ser incrível, mas deixou um gosto de “quero mais”. As musicas seguintes, “Last Resort” e “Nerve” mantem o nível do álbum, apesar de não apresentar nada de diferente do que as canções anteriores já mostraram. Porem, uma das melhores, se não a melhor musica da banda entra logo em seguida.

“Saw You Drown” fora lançada no EP que precediu o lançamento do álbum, e foi a musica que despertou meu interesse pela banda novamente. A letra é um tanto perturbadora ao meu ver, e o clima que as guitarras passam, somados ao vocal único de Jonas tornam esta canção a melhor do disco e talvez da carreira da banda, também. O fato deles terem tocado esta canção no show que fizeram no Brasil a pedido do publico não me deixa mentir.

O álbum já caminha para seu desfecho, quando somos apresentados a uma faixa “Instrumental”. Como o nome diz, a voz de Jonas não participa desta música. Somos apresentados a um clima relaxante, que nos remete a bandas como Pelican ou God is An Astronaut. Uma boa surpresa também é o solo no final, fechando esta faixa com chave de ouro.

A ultima canção do álbum, “Distrust”, possui um clima doom metal que nos leva aos primórdios da banda, mas logo a nova sonoridade volta a imperar, com seu refrão feito para grudar. Esta também é uma das poucas musicas do álbum a conter um solo.

E assim terminou este capitulo na carreira do Katatonia. A banda só iria seguir em frente com esta sonoridade nos álbuns seguintes, conquistando mais respeito e fãs pelo mundo. Este álbum me fez dar uma segunda chance a este grupo. Altamente recomendado. Quem sabe você também não muda de opinião em relação a eles?

P.S: se você adquirir a versão remasterizada, você receberá duas faixas bônus, pertencentes ao EP “Saw You Drown”. A primeira é “Quiet World”, com um clima fiel ao titulo. Bem tranqüila e viajante. A segunda, “Scarlet Heavens” é uma faixa incrível, mas é compreensível que ela tenha ficado de fora. Não temos aqui o rock que vemos no disco ou uma faixa de Doom Metal, mas sim uma canção com uma sonoridade Pós-punk, que nos remete a bandas como Joy Division e O.Children. sem duvida uma agradável surpresa.
Seguem as amostras:

Cold Ways

I Break
 

Por Hugo Leonardo
Exceções: Katatonia – Discouraged Ones Exceções: Katatonia – Discouraged Ones Reviewed by Alexandre on 18:40 Rating: 5

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